Projeto original do arquiteto Carlos Neves, de 1953, esta moradia sofreu um aumento na década de oitenta, que alterou a sua distribuição interior. Pretendia-se agora uma intervenção integral, que simplificasse a distribuição entre os espaços reduzindo a dimensão dos corredores e integrando as áreas de serviço no sistema de acessos.
A proposta recupera parte do desenho original e integra as novas exigências de conforto como elevador, estacionamento para quatro automóveis, climatização eficiente e isolamento térmico, com sistemas de proteção solar motorizada dos vãos envidraçados. A área de cozinha, apesar de separada da zona de sala, mantém uma relação discreta e direta por porta oculta. Os acessos verticais foram abertos e dados como privilegiados na dinâmica programática da casa, que passou a servir uma nova família, com exigências específicas.
O quarto principal foi pensado como espaço refúgio do casal, com zona de estar, vestir e dormir e banho, com mobiliário desenhado e executado por medida. As infraestruturas correm por courettes que participam no desenho dos espaços como o armário de televisão, o toucador ou o louceiro, que reclamam o seu protagonismo ao separar-se do resto construído. O jardim foi redesenhado para ser acessível pelos dois pisos sociais da casa, e poder constituir-se como um espaço de estar em família, dando usufruto às vistas desde o interior.
A opção por materiais nobres e duradouros partiu da valorização da casa como produto artístico. As cores neutras, polidas e homogéneas revelam uma criteriosa seleção dos materiais, que se articularam com as soluções de desenho e uso.
Esta obra constitui uma escola de saberes para novas soluções construtivas, recuperadas do conhecimento tradicional. Orgulhamo-nos do produto final, mas também do processo, onde os clientes desempenharam um papel fulcral, envolvendo toda a equipa de forma construtiva e culta.
